quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Nordeste - Hidrografia

          Nas áreas em que o clima semiárido é dominante, a hidrografia é do tipo intermitente, ou seja, os rios secam no período de estiagem mais rigorosas. As duas exceções são o rio São Francisco, cujas nascentes estão fora do semiárido e o rio Parnaíba, que nos seus mais de 1.300 km de extensão, atravessa áreas de climas mais úmidos do Nordeste ocidental. Uma característica especial do rio Parnaíba é que na sua foz, no litoral setentrional, forma-se um imenso delta, ou seja, as águas desembocam na forma de um grande leque como resultado de intenso processo de sedimentação que originou numerosas ilhas e ilhotas que obrigam as águas a se distribuírem por numerosos canais. Este rio é navegável em um percurso de 1.200 km, que se estende aproximadamente da cidade de Santa Filomena (PI) até a sua foz, no oceano Atlântico, e o torna importante via de transporte ao longo de grande parte de seu curso. O rio é aproveitado, ainda, para produção de energia elétrica, pois nela encontramos a Hidrelétrica de Boa Esperança.
Rio Parnaíba - trecho navegável
Delta do rio Parnaíba
Igarapés - rio Parnaíba

            O rio São Francisco, possui cerca de 2.700 km de extensão da nascente à foz – na divisa entre Alagoas e Sergipe, passando por terras da Bahia e de Pernambuco. A importância do rio São Francisco está intimamente relacionada ao foto de ser o único grande rio perene que atravessa o sertão nordestino, ou seja, mesmo nas grandes estiagens continua com água em seu leito. Isso se explica por ele originar-se em Minas Gerais, na Serra da Canastra, ao sul do estado, onde as chuvas ocorrem regularmente, com maior concentração no verão e, além disso, por receber afluentes que também são perenes.

           Em seu curso as numerosas hidrelétricas são responsáveis pelo abastecimento de grande parte da eletricidade que o Nordeste consome. Além disso, o agronegócio também se abastece das águas desse rio, especialmente os grandes projetos de lavoura irrigada com frutas para exportação (mamão, melão, abacaxi, etc.) ou de uvas para a agroindústria vinícola que se estabeleceu na área de Juazeiro e Petrolina.
Cânion no rio São Francisco

         Entre as hidrelétricas destaca-se a de Sobradinho, também pela função que exerce no processo de controle da vazão desse rio, cujo reservatório é um dos maiores lagos artificiais do mundo.
Represa de Sobradinho



            A degradação ambiental que atinge o rio São Francisco e seus afluentes tem obrigado o governo federal a se comprometer em aperfeiçoar, paralelamente ao desenvolvimento de obras de transposição, um programa de revitalização. Esse programa pretende expandir, por meio da implantação de ações integradas, o processo de recuperação, conservação e preservação ambiental dos rios que integram a bacia hidrográfica do São Francisco.

Um rio que une climas e regiões diferentes

Rio da integração nacional, o São Francisco, descoberto em 1502, tem esse título por ser o caminho de ligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste. Desde as suas nascentes, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, ele percorre 2.700 km. Ao longo desse percurso, que banha cinco Estados, o rio se divide em quatro trechos: o Alto São Francisco, que vai de suas cabeceiras até Pirapora, em Minas Gerais; o Médio, de Pirapora, onde começa o trecho navegável, até Remanso, na Bahia; o Submédio, de Remanso até Paulo Afonso, também na Bahia; e o Baixo, de Paulo Afonso até a foz.

O rio São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são perenes, 90 estão na sua margem direita e 78 na esquerda. A produção de água de sua Bacia concentra-se nos cerrados do Brasil Central e em Minas Gerais e a grande variação do porte dos seus afluentes é consequência das diferenças climáticas entre as regiões drenadas. O Velho Chico - como carinhosamente o rio também é chamado - banha os Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Sua Bacia hidrográafica também envolve parte do Estado de Goiás e o Distrito Federal.

Os índices pluviais da Bacia do São Francisco variam entre sua nascente e sua foz. A poluviometria média vai de 1.900 milímetros na área da Serra da Canastra a 350 milímetros no semi-árido nordestino. Por sua vez, os índices relativos à evaporação mudam inversamente e crescem de acordo com a distância das nascentes: vão de 500 milímetros anuais, na cabeceira, a 2.200 milímetros anuais em Petrolina (PE).

Embora o maior volume de água do rio seja ofertado pelos cerrados do Brasil Central e pelo Estado de Minas Gerais, é a represa de Sobradinho que garante a regularidade de vazão do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a outubro. Essa barragem, que é citada como o pulmão do rio, foi planejada para garantir o fluxo de água regular e contínuo à geração de energia elétrica da cascata de usinas operadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) - Paulo Afonso, Itaparica, Moxotó, Xingó e Sobradinho. É é assim que ela opera.

Depois de movimentarem os gigantescos geradores daquelas cinco hidrelétricas, as águas do São Francisco correm para o mar. Atualmente, 95% do volume médio liberado pela barragem de Sobradinho - 1.850 metros cúbicos por segundo - são despejados na foz e apenas 5% são consumidos no Vale. Nos anos chuvosos, a vazão de Sobradinho chega a ultrapassar 15 mil metros cúbicos por segundo, e todo esse excedente também vai para o mar.

A irrigação no Vale do São Francisco, especialmente no semi-árido, é uma atividade social e econômica dinâmica, geradora de emprego e renda na região e de divisas para o País - suas frutas são exportadas para os EUA e Europa. A área irrigada poderá ser expandida para até 800 mil hectares, nos próximos anos, o que será possível pela participação crescente da iniciativa privada.

O Programa de Revitalização do São Francisco, cujas ações já se iniciaram, contempla, no curto prazo, a melhoria da navegação no rio, providência que permitirá a otimização do transporte de grãos (soja, algodão e milho, essencialmente) do Oeste da Bahia para o porto de Juazeiro (BA) e daí, por ferrovia, para os principais portos nordestinos.

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