quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Transposição do rio São Francisco

As primeiras ideias de levar a água do rio São Francisco para as regiões mais áridas do Sertão nordestino remontam à época do Brasil Império. Entretanto, àquela época não havia tecnologia disponível para tal empreitada, visto que não se trata apenas de construir canais, pois é necessário transpor os divisores de água. 
A grosso modo, ­o projeto de transposição do São Francisco é a mudança de parte do curso do rio para uma área com problemas endêmicos de seca. Segundo o governo federal, o Projeto de Integração do Rio São Francisco, nome oficial da transposição, prevê a distribuição de água para cerca de 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte até 2025. 
Com um custo total de R$ 4,7 bilhões, o projeto, que prevê também a revitalização de áreas degradadas da bacia, contará com a seguinte infra-estrutura:
  • Eixos de integração - são canais de terra, com seção trapezoidal, revestidos internamente por membrana plástica impermeável e recobertos de concreto. São dois eixos de integração: o Norte que segue da Bahia para o Ceará e Rio Grande do Norte e o Leste que passa por Alagoas, Paraíba e Pernambuco. O primeiro terá cerca de 400 km e o segundo, 200.
  • Aquedutos - espécies de túneis serão usados nos trechos de travessia de rios e riachos. Estão programados 27.
  • Estações de bombeamento - são equipamentos para passagem da água em áreas com altitude mais elevada. Serão nove estações para bombear água para elevações com até 300 metros.
  • Barragens - são reservatórios que permitem o fluxo de água mesmo em horas que não há bombeamento. São cerca de 30. 

Já não é mais novidade as frequentes secas que atingem muitos locais do semiárido brasileiro. Porém, como a estiagem natural está cada vez mais intensa, acaba dificultando a sustentação de vida no local, atingindo as criações e plantações.
Neste cenário, foi iniciado um antigo projeto que prevê a transposição das águas do Rio São Francisco, o maior rio genuinamente brasileiro que vai de Minas Gerais a Alagoas, para amenizar esta dificuldade hídrica na região.
Esta, que é a maior obra de infraestrutura do Brasil, tem a finalidade de integrar, por meio de canais, os rios da região nordeste do país, fazendo que durante o período de estiagem a população permaneça com o recurso natural e diminua os impactos da seca.
O projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, que consiste na construção de dois canais que somam mais de 600 km para levar água para 5 estados: o Eixo Leste, de 220 km, que vai captar águas do São Francisco em Itaparica e levar às regiões agrestes de Pernambuco e Paraíba; e o Eixo Norte, com cerca de 400 km de extensão, que começa em Cabrobó e levará água aos sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Esta seria a esperança para diminuir o impacto da seca no nordeste, porém, o trabalho que começou em 2007 com orçamento previsto em 4,7 bilhões de reais, e que já deveria ter sido concluído no final de 2012, está praticamente paralisado e próximo dos 8,2 bilhões de reais.
Os motivos do atraso são questões ligadas a licitações e desenvolvimento do projeto executivo. Sobrepreço e a não realização de serviços contratados também foram tidos como causadores da perda do prazo de entrega.
Prós e contras

Existem grupos opostos que discutem a continuidade desta transposição. Os defensores alegam que o projeto vai acabar com o problema da seca em vários estados do nordeste, onde as atividades rurais e agropecuárias poderão seguir mesmo em épocas de estiagem, reduzindo a miséria. Já os críticos alegam que os principais beneficiados serão os grandes proprietários de terras da região, e temem possíveis impactos ambientais e socioculturais, uma vez que o “velho chico”, é o berço de uma rica biodiversidade e fonte de renda de milhares de pessoas do nordeste, que vivem da pesca por exemplo.

Extraído daqui

Transposições pelo mundo

Mudar o fluxo de um rio para irrigar regiões áridas da terra não é especificamente uma novidade. Há várias partes do mundo, onde ecossistemas com clima seco são irrigados. É o caso de Egito, Equador, Peru, China, Espanha, Austrália e Estados Unidos. A experiências norte-americana na bacia do Colorado (Califórnia) e australiana no sistema fluvialMurray-Darling foram apresentadas aos técnicos do Ministério da Integração Nacional, responsáveis pelo projeto nordestino. E tem alguns pontos que podem ajudar o projeto brasileiro.

A bacia hidrográfica do rio Colorado, nos Estados Unidos, abrange um vasto programa de irrigação, abastecimento de cidades, hidrelétricas e turismo. Só para se ter uma idéia, no Estado de Utah, um dos estados beneficiados pela transposição, 43% da água são usadas para a agricultura. No caso australiano, cerca de 70% da água bacia é usada para irrigação. 

Os dois projetos têm uma mensagem implícita para os idealizadores da transposição do São Francisco. Do início das discussões até o efetivo início das obras, as discussões duraram entre 70 e 80 anos e envolveram todos os estados que seriam beneficiados. 

Os dois casos mostram também que os projetos de aproveitamento hídrico não estão protegidos de conseqüências climáticas. Em 2004, os Estados banhados pelo rio Colorado foram vítimas de uma grande seca, principalmente, o Estado do Arizona. Como conseqüência, houve reajuste da distribuição de recursos hídricos para os anos seguintes. Em 2007, foi a vez dos agricultores australianos sofrerem com uma seca recorde, com um dos menores níveis já vista no bacia Murray-Darling. O governo australiano acabou gastando US$ 2 milhões por dia como ajuda financeira aos produtores rurais atingidos pela seca. 

Extraído daqui

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